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Foto do escritora palavra solta

Ampliar a política para disputar a sociedade

por Gustavo Gomes




O candidato a deputado estadual Wesley Teixeira. O Globo



Neste domingo vamos para a urna com tanta sede, que apertar o número 13 será como beber um copo de água depois de horas no Sol quente. O voto será um misto de felicidade e desespero. Será para derrotar o bolsonarismo, mas também poder vislumbrar um futuro com esperança, democracia e retomar o orgulho de ser brasileiro. Votar Lula é um ato cívico, histórico e uma resposta ao projeto de morte e retrocesso que vivemos nos últimos 4 anos.


Votar em Lula é votar por Paulo Gustavo. Pelos mais de 680 mil mortos durante a pandemia. Pelas centenas de indígenas, ativistas e jornalistas assassinados no Brasil.


Mas é votar pela criança que precisa recuperar o aprendizado perdido na pandemia. Na mãe que não possui renda para colocar comida em casa. No trabalhador e na trabalhadora que mal lembra dos direitos que possui, enquanto muitos carregam uma caixa de comida nas costas sentindo fome. É, sem dúvida, votar pela democracia!


Votar em Lula é garantir a esperança para recuperar o presente, mas ainda assim, não é um ato suficiente, quando solitário, para traçar o nosso futuro. Dentre os próximos desafios estão um parlamento dominado pelo centrão, instituições desgastadas e parte da população capturada por uma visão de mundo paralela e sem compromisso com a verdade. Lula vai vencer e a esperança vai superar o ódio, mas ainda teremos muito trabalho pela frente. Felizmente, o voto para presidente não é o único que daremos neste domingo. Muitos governadores vão para o segundo turno, mas amanhã será a resposta final para sabermos quem serão os deputados e deputadas estaduais e federais dos próximos 4 anos.


O legislativo é tão importante, no seu conjunto de vozes e discussões quanto o executivo. Ampliar a representação e capacidade de debater com a sociedade brasileira é tão importante quanto eleger Lula presidente. De alguma forma cumprimos parte da missão deixada por Mano Brown, entre as vaias e aplausos nas eleições de 2018. Voltar para a base é recuperar a capacidade de dialogar com o povo. Ainda assim, existem setores onde a chegada é tímida e os próximos anos vão nos demandar esse diálogo. O principal é o setor evangélico da população brasileira.


É um erro acreditar que o evangélico é necessariamente conservador, como nos aponta Ana Carolina Evangelista em sua coluna de 15 de agosto de 2022, na Revista Pauí, “Desvendando o voto evangélico”. Engano também é estigmatizar o “voto evangélico” como homogêneo e uníssono. Assim como qualquer outro eleitor, o evangélico vota a partir da sua identificação Por isso, a linguagem é crucial. Sem adaptar a forma de falar, as referências sociais e culturais, nosso diálogo é interrompido e deixamos que parcela da sociedade se incline para a direita. Parcela essa que em breve será a maioria da população.


No Rio de Janeiro, estado mais avançado na transição religiosa do país, é visível a dificuldade de Marcelo Freixo, mesmo apoiado por Lula, de dialogar com a população evangélica e de periferias como a Baixada Fluminense. Nesse sentido, ampliar o diálogo é fundamental e na procura de exemplos que o fazem, não há como não citar o candidato a deputado estadual Wesley Teixeira.


Negro, Evangélico e de Esquerda, como apresenta o subtítulo do seu livro publicado nesta semana, assinado por personalidades, parceiros e amigos de caminhada, Wesley Teixeira consegue ampliar o diálogo de forma muito diferente do que o campo progressista conseguiu fazer nos últimos anos. Liderando o Movimenta Caxias, o pré-vestibular mais nós, apresentando o “Papo de Crente” e gerindo o Movimento Tem Gente com Fome, que ajudou mais de 200 mil de famílias com itens de higiene, alimento e informações durante a pandemia, Wesley Teixeira é uma liderança progressista capaz de ampliar o diálogo com diferentes setores da sociedade.


Com uma capacidade de dialogar única, consegue conversar com o movimento negro, com a esquerda convencional, com trabalhadores da baixada e com a população evangélica. Assim como Lula uniu a classe trabalhadora dispersa e fundou o PT, com diálogo inclusive com setores religiosos como o catolicismo, Wesley certamente aponta para as necessidades emergenciais do nosso país e do nosso campo.


Como Wesley Teixeira, dezenas de candidatos a deputado federal e estadual podem ampliar o diálogo com novos setores. Alguns com maior viabilidade, outros com menos. Estamos sim indo rumo à vitória, mas ela ainda será tímida se não contar com figuras que são capazes de discutir, dialogar e convencer a população brasileira com as suas contradições.


Que o voto em Lula seja o voto do presente, mas que não esqueçamos de dar um recado para o futuro, que dependerá fundamentalmente de uma repactuação da sociedade brasileira.


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