por Gustavo Gomes
Vemos e veremos gritantes contrastes entre Lula e Bolsonaro. Tanto a persona quanto na gestão do Estado:
Enquanto o governo bolsonarista colocou Damares Alves como Ministra da família, mulher e direitos humanos e protagonizou uma crise humanitária para o povo Yanomami, que só hoje está sendo observada com a sua real gravidade, Lula viaja e direciona os holofotes do país para os efeitos do bolsonarismo e do garimpo ilegal para este povo. Nísia Trindade como ministra da saúde e Silvio Almeida como ministro dos Direitos Humanos tornam-se protagonistas no debate e na atuação em cenário de emergência em saúde pública.
O Brasil vai para Davos no Fórum Econômico Mundial e, para representá-lo, leva Marina Silva e Fernando Haddad. Em suas falas, sinergia entre economia e sustentabilidade. Ademais, o Brasil retoma o multilateralismo, rompendo com o isolamento bolsonarista.
Em suas primeiras entrevistas coletivas, Lula se apresentou para os jornalistas com respeito, dizendo que ali eles não seriam xingados ou agredidos. Não é necessário estender no relato das dezenas ataques de Bolsonaro aos profissionais da imprensa.
Na saúde, a ex-presidente da FioCruz, ante o negacionismo que matou milhares na pandemia. Na educação, um educador e uma educadora responsáveis pelo sucesso do Ceará, não um esquadrão ideológico. No combate ao racismo, Anielle Franco, responsável pelo legado de Marielle, dando lugar à reprodução do racismo pela antiga diretoria da Fundação Palmares. Na cultura, Margareth Menezes, rememorando os tempos de Gil, com orçamento voltado para o impulsionamento do setor, em antítese ao vazio de um Ministério subordinado ao turismo. Na Justiça, Flávio Dino, em um combate ao radicalismo antidemocrático e respeito ao sistema de Justiça. Antes, Sérgio Moro, coroado pela operação mais fraudulenta da história do país.
Cida na gestão das políticas para as mulheres, Padilha nas relações institucionais… Mesmo os cargos do centrão, que são possivelmente o pior do governo atual, são o que havia de melhor no governo passado.
Para os eleitores mais fiéis, ou mais adeptos ao campo progressista, estas agendas e estes nomes são um começo importante, de encher os olhos. No entanto, evitar um retorno do bolsonarismo, seja em qual face for, em 2026, passa por duas missões: entrega e comunicação.
O Brasil precisa ser vitorioso, desde o combate à fome, a geração de empregos, até à melhora da educação e erradicação do desmatamento. Agora, precisa convencer e encontrar mecanismos de enfrentar a comunicação bolsonarista. Este, acuado, perdedor do terceiro turno das eleições do senado, mantém a indústria de mentiras que se retroalimentam. Estão prontos para explorar quaisquer erros do governo Lula, mas também para criar, como já fazem, as histórias mais exuberantes e fantasiosas possíveis. Combater fake news não é a estratégia principal. Desmobilizar os financiadores é importante. Mas, construir uma imagem que dialogue de forma ampla, constante e intimista, é a nova forma de fazer política que precisa ser aprendida por quem quer defender a democracia no país.
Para finalizar, deixo um trecho dos tweets do deputado Janones:
“Antigamente , quando queríamos criticar alguém que faz campanha o tempo todo, sem responsabilidades e sem preocupação em governar e entregar resultados, dizíamos que o sujeito “não descia do palanque”. Felizmente ou infelizmente, o novo modelo democrático transformou o que outrora tinha um ar pejorativo, em uma necessidade. Não é mais possível governar sem estar em cima do palanque.”
Não só cabe à Lula, mas também seus ministros e ministras serem protagonistas na comunicação e na política do país. O ex-presidente continuará toda a semana na mídia. Mas é o governo atual que precisa liderar as pautas e construir novos consensos que se ampliem para as diferentes parcelas da sociedade. Não a bolha fiel, mas quem decidiu, com muito custo, que Lula era a melhor decisão. Foram estes, no final, que nos permitiram viver em uma democracia.
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