por Carolina Torres
Comecei a escrever numa noite de Primavera, uma incrível noite de vento leste e Junho. Nela o fervor do universo transbordava e eu não podia reter, cercar, conter — nem podia desfazer-me em noite, fundir-me na noite.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Maria Callas como Medeia de Pasolini, 1969
Medeia, a de belos tornozelos, filha do rei Eetes e da virgem do Oceano circular, sobrinha de Circe, neta do Sol e de Nereu, bisneta do Mar... Assim é apresentada nas Teogonias de Hesíodo. No entanto, apesar da linhagem divina, conhecemos Medeia como a bruxa, a megera, a bárbara, a infanticida e a infame ex-mulher de Jasão. Sua narrativa é violenta, polêmica e iconoclasta, e suspeito que tudo isso tenha, justamente, estimulado a atração que sua figura exerce sobre nós. Não faltaram censores à sua história durante os séculos, tementes da moral e dos bons costumes, afinal, há alguma bruxa que possa ser herói, protagonista? E que possa se livrar do assassinato dos filhos em uma carruagem alada rumo a liberdade? — E ouço aqui ressoar a cretina frase do pastor pentecostal e magnata da tevê estadunidense Pat Robertson,
O feminismo é um movimento político socialista, anti família, que encoraja as mulheres a largarem seus maridos, matarem seus filhos, praticarem bruxaria, destruírem o capitalismo e se tornarem lésbicas. (Obrigada, Pat) —
Mas também não faltam adaptações e releituras célebres de seu mito, sejam nas artes plásticas, em quadros como o de Fredercik Sandys (1868) ou o de Cézanne (1882); no audiovisual, Pasolini (1969) e Lars Von Trier (1988); ou na própria literatura, de Sêneca (413 a.C) a Grace Passô (Mata teu pai, 2016), para citar apenas alguns. Mas hoje, gostaria de me reter à poesia — essa linguagem cifrada do mistério —, para que possamos pensar em outras possibilidades da figura de Medeia para além do senso comum.
Em 1947, a poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen[1] lançou seu segundo livro de poemas, Dias de mar, repleto de temas clássicos (bem a seu gosto) e dentre eles está “Medeia”, seguido da epígrafe “(adaptado de Ovídio)”. Ovídio, poeta latino (43 a.C – 17 d. C), descreveu em seu texto Metamorfoses algumas aventuras da feiticeira bárbara e, entre elas, há um ritual mágico, presente nos versos 179-219, Livro VII, dos quais a partir de um trecho Sophia faz uma releitura, ou uma recriação, para fazer eco com Haroldo de Campos. Ao fazer uma pequena análise comparativa entre os dois poemas (que são lindos e estão ao final do texto para seu desfrute) espero conseguir fazer emergir uma nova Medeia entre nós.
Klara Ziegler como Medeia de Eurípedes, ano desconhecido
Fórmula mágica
No ritual ou poesia, formas importam. Elas são as responsáveis pelo ritmo, pelo enquadramento, pela implicação de intenções. Se lemos o poema de Sophia ao lado do de Ovídio (versos 189-206, dezessete no total) percebemos que o formato escolhido pela portuguesa foi o de 24 versos livres e brancos e o que a princípio poderia soar como alargamento do ritual, na verdade, se apresenta um enxugamento da ação. Os verbos andreseanos são decassílabos, com várias repetições, o que sugere uma cadência hipnótica, própria dos rituais. O número 3 é evocado diversas vezes nos poemas, o que é bem relevante, já que para a simbologia mística e religiosa, trata-se da imagem da criação (1+2=3); além de representativo de Hécate, deusa infernal de três cabeças e três corpos, de quem Medeia é devota — e que para algumas tradições é até mesmo descendente.
O recorte de cena é: Medeia evoca espíritos divinos ctônicos (antiquíssimos e subterrâneos) e a própria natureza para chamar para si, e em si, os poderes que deles emanam. Há três etapas ritualísticas presentes nos dois poemas e a principal diferença de linguagem se dá numa modernização da forma: os vocábulos são mais prosaicos, há omissões e uma inovação em Sophia (versos 18-21), que pode ser lida como uma referência ao próprio fazer poético (já me adiantando um pouco na hipótese).
Uma vez que o modo de escrever muda bastante, a linguagem passa a realizar uma operação sanfona, ora aumenta ora diminui os versos, o que altera também a mensagem central do poema e a torna mais potente (ou evidente). Quando o eu-lírico-Medeia começa a falar, ele clama por uma série de forças específicas que trarão a ele o seu poder. “Noite”, “lua”, “astros”, “Hécate”, “deuses dos bosques”, “deuses infernais” — todos úmidos, notívagos, misteriosos —; o que, coincidência ou não, revela um movimento parecido com a evocação das musas dos poetas clássicos. São essas as forças externas que devem ir até ao eu-lírico feiticeira, que é uma antena, ainda que muito ciente de suas ações — guarde essa informação —, porque:
No verso 8º de Sophia, ao falar de Hécate, Medeia diz “Guiando atenta o fio dos meus gestos” (grifo meu), a escolha da palavra “gesto” contrapõe o texto latino das Metamorfoses que apresenta a expressão “artisque magorum”, algo como “fórmulas mágicas”. Essa diferença revela uma preferência estética e semântica de Sophia pela ação do sujeito (em detrimento da mediação mágica), o foco está no agir de Medeia enquanto corpo que será capaz de modificar o seu espaço.
Outro momento que essa preferência é latente está nos versos “Que em mim penetre a vossa força, pois / Ajudada por vós posso fazer”. Aqui, para além do agir, há um alargamento lírico, Sophia dá a importância de dois versos à imagem da energia externa adentrando Medeia — tornando-a poderosa e fazendo com que ela seja capaz de criar alterações, o próprio princípio da alquimia. E, olhe só, como o texto ovidiano é bem menos potente e com apenas um verso para a enunciação, “Com vossa ajuda, sempre que quis, fiz retornar à nascente” (199) (grifo meu).
Medeia drenando o sangue de Éson para rejuvenescê-lo com sua poção mágica, autor desconhecido, ano desconhecido
Palavra mágica
Intenção é tudo. Contexto também, então vou contar rapidinho o que está acontecendo por trás do ritual. No livro Metamorfoses, Medeia já fugiu, se casou com Jasão e está em Iolco, terra do herói e marido, onde encontra o rei Éson, seu sogro, muito velho e debilitado. Jasão, ainda impressionado com as artimanhas de Medeia para ajudá-lo a conquistar o velo de ouro, pede à esposa que rejuvenesça o pai — o que a feiticeira apaixonada faz. Os versos são, portanto, o início desse ousado ritual de brincadeira com a vida, a morte e o tempo.
Mas esse livro possui uma singularidade muito importante: todas as centenas de histórias contadas por Ovídio têm em comum a metamorfose de um personagem — seja por castigo ou prêmio —, mas ao se deparar com Medeia, o leitor encontra muita dificuldade de entender qual é a mudança. Segundo a professora de Letras Clássicas Barbara Pavlock é justamente nesse ritual de rejuvenescimento que a sutil (mas poderosa) metamorfose de Medeia se dá. Na primeira vez que o leitor encontra Medeia ela é uma jovem tola e apaixonada, com um longo discurso sobre o conflito entre o amor (Jasão) e a razão (trair o pai e a pátria para ajudar o herói) — inclusive, vale observar que esta é umas das maiores falas diretas das Metamorfoses. Bom, já no segundo momento (também extenso), quem encontramos é uma mulher madura, ciente de seus poderes e em posição de domínio da natureza e das forças sobrenaturais, e isso sempre sob a égide da palavra. A metamorfose de Medeia, assim, se opera na fala. Pavlock considera também que no texto latino a feiticeira apresenta no seu desenvolvimento atributos concedidos apenas a heróis (homens, obviamente) e que, portanto, para Ovídio, Medeia, poderosa evocadora, é a própria representação do poeta.
Ok, voltemos então para Sophia. Depois que a sua Medeia evoca os deuses infernais, as criações da noite e dos bosques, passa a listar uma série de ações que é capaz de produzir através de seus atos mágicos. Inclusive, o verbo “poder” na forma “posso”, aparece quatro vezes no poema, todas para introduzir uma nova imagem de transmutação do espaço — esse sujeito tão ativo e agente. Mas, o mais impressionante está nos tais “versos da inovação”, que adiantei um pouco acima,
As palavras que digo e cada gesto
Que em redor do seu som no ar disponho
Torcem longínquas árvores e os homens
Despedaçam-se e morrem no seu eco.
Esses são versos explícitos sobre o poder da fala e não existem relativos no texto de Ovídio. E para não dizerem que forço uma barra, a Medeia latina até diz rebentar “o queixo das víboras com cantares” (uerbis et carmine), um trecho de importância de menos de um verso e que, definitivamente, não possui a mesma potência.
O que Sophia de Mello Breyner Andresen faz ali é evidenciar o próprio poder da criação poética: a alteração da realidade se faz necessariamente por meio dos gestos e palavras ditas pela bruxa bárbara (“seu som no ar disponho”). Elas, as palavras, é que são capazes de torcer árvores e matar homens por sua perpetuação (eco). Há uma reflexão (um voltar-se a si) sobre a linguagem — e vale muito a pena lembrar que, considerando a poesia clássica, feiticeiros e poetas carregam esse traço em comum: falam e enunciam para realizar encantamentos. Em razão dessa amplificação de sentidos e do realce do fazer poético, Maria Helena da Rocha Pereira pontua que estes são os versos que revelam, dentro de uma tradução, a “poeta original” de Sophia.
Mas, considerando as ideias trazidas por Pavlock, o que é mais justo pensar da Medeia de Sophia: será mesmo uma inovação genial ou estamos diante de uma ratificação sagaz?
Debora Lamm como Medeia em Mata teu pai, de Grace Passô, 2016
Outras palavras mágicas
Nada na arte é gratuito — ou quando muito os fios servem ao quebra-cabeça da crítica. Então, me perdoem outro recuo, mas preciso contar para vocês sobre a etimologia do nome Medeia.
Medeia, no grego clássico, está relacionado a raiz mēd-, derivada do verbo mḗdomai, (meditar, preparar, tramar, cuidar), atributos associadas à Métis, deusa da sabedoria e da prudência. Esse saber[2], no entanto, não é um dom, dado, ele é advindo da technē, é uma relação prática da manipulação (manual mesmo) e do trabalho do conhecimento, o que no caso de Medeia é um mega extra, já que o seu saber está necessariamente vinculado ao domínio das ervas, dos venenos ou, se preferirmos, dos fármacos.[3] É graças a essa capacidade que a feiticeira pôde garantir a Jasão a conquista do velo de ouro, auxiliar o retorno dos argonautas a Hélade, rejuvenescer Éson, matar Pélias, entre tantas outras histórias. Mas não só. Os atributos dessa sabedoria de Medeia também estão no âmbito do poder de seus conselhos (outra acepção possível do verbo mḗdomai é “aconselhar”), o que é evidente no seu papel decisivo de conselheira no terceiro canto de Os argonautas ou no seu poder argumentativo na tragédia de Eurípedes.
Ervas manipuladas e palavras possuem outra coincidência interessante. No diálogo Fedro, de Platão, a palavra escrita é um fármaco ou phármakon, no original. Jacques Derrida aponta em A farmácia de Platão, o quão problemática foi a tradução do termo durante os séculos, a considerar que ela pode ser traduzida tanto como veneno como remédio.
Visão de Medeia, Joseph Mallord William Turner, 1828
Alquimia
O que está dentro é como o que está fora.[4] Essa segunda parte do princípio alquímico da Correspondência costuma ser esquecida e acho que ela pode ser uma quase síntese da ideia de recriação de Haroldo de Campos. De acordo com o poeta, o tradutor deve realizar, na verdade, um trabalho de crítica, porque escava o intangível do texto, questiona a vida interior da poesia e desmonta e remonta a máquina da criação. Nesse sentido, entendo que há um trabalho de transmutação da forma e revelação de uma espécie de coração do texto, o poeta-tradutor é um alquimista também.
Esse exercício — interpreto eu e espero ter convencido você — é, exatamente, o que Sophia de Mello Breyner Andresen faz em seu poema. Da escolha do recorte da cena à plástica semântica, da ênfase na ação do sujeito no mundo ao ressoar das palavras, somos apresentados a outra possibilidade de Medeia, uma muito longe da ideia da megera enlouquecida.
O que Sophia faz é revelar o que já existia:
Medeia é feiticeira; poesia é feitiço; logo, Medeia é poeta.
(E deliro mais um pouco também: talvez o que permita a poesia atravessar os séculos seja o mesmo que equipara poetas e bruxas: o gérmen do encantamento.)
***
Medeia
(adaptado de Ovídio)
Três vezes grita, três vezes se curva
E diz: “Noite fiel aos meus segredos,
Lua e astros que após o dia claro
Iluminais a sombra silenciosa,
Tripla Hécate que sempre me socorres
Guiando atenta o fio dos meus gestos,
Deuses dos bosques, deuses infernais
Que em mim penetre a vossa força, pois
Ajudada por vós posso fazer
Que os rios entre as margens espantadas
Voltem correndo até às suas fontes.
Posso espalhar a calma sobre os mares
Ou enchê-los de espuma e fundas ondas,
Posso chamar a mim os ventos, posso
Largá-los cavalgando nos espaços.
As palavras que digo e cada gesto
Que em redor do seu som no ar disponho
Torcem longínquas árvores e os homens
Despedaçam-se e morrem no seu eco.
Posso encher de tormento os animais,
Fazer que a terra cante, que as montanhas
Tremam e que floresçam os penedos.”
“Medeia”, Dias de mar, 1947. In Andresen, Sophia de Mello Breyner. Obra poética. Porto: Assírio & Alvim, 2015.
Metamorfoses, Livro VII, versos 189-206
Rodopiou três vezes, três vezes o cabelo aspergiu com água
colhida num regato, abriu a boca e gritou três vezes.
E ajoelhando-se sobre a dura terra, deste modo rezou:
“Ó Noite, fidelíssima para os nossos mistérios, e vós,
Estrelas douradas, que a com a lua sucedeis aos fogos do dia,
e tu, Hécate, das três cabeças, que conheces os meus intentos
e vens ajudar as fórmulas mágicas e as artes dos feiticeiros,
e tu, ó Terra, que forneces aos feiticeiros poderosas ervas
e vós, brisas e ventos, e montanhas e rios e lagoas,
e todos vós, deuses dos bosques e deuses da noite, vinde!
Com a vossa ajuda, sempre que quis, diz retornar à nascente
o curso dos rios para pasmo das margens; imobilizo o mar
agitado com encantamentos e agito-o quando está imóvel;
disperso as nuvens e as nuvens reúno, escorraço os ventos
e convoco-os, rebento os queixos das víboras com cantares;
pedras e carvalhos e bosques, arranco-os do chão onde estão
e mudo-os de sítio, e ordeno que as montanhas estremeçam
e os solos retumbem, e que os fantasmas saiam das sepulturas. (...)”
Ovídio. Metamorfoses. Trad. Paulo Farmhouse Alberto. Lisboa: Livros Cotovia, 2007. Pp. 175-176.
Notas
[1] Fun fact: Sophia de Mello Breyner Andresen realizou uma adaptação da peça de Eurípedes, mas essa só foi publicada após a sua morte. A peça se chama, inclusive, Medeia: recriação poética da tragédia de Eurípedes. O porquê do interesse particular de Sophia no mito de Medeia é desconhecido, assim como sua recusar em publicar a peça em vida.
[2] Trajano Vieira aponta que o radical sophé [sabedoria] aparece 23 vezes na tragédia de Eurípedes, para exemplificar a importância dessa característica em Medeia. Vieira, Trajano. “O destemor de Medeia e o teatro do horror”, in. Eurípedes, Medeia. São Paulo: Editora 34, 2010.
[3] Diniz observa que Medeia ganha o epíteto de “polyphármakon”, “a de muitos fármacos” na Argonáutica, III, v. 27; IV, v. 1677. Diniz, Fábio Gerônimo Mota. As representações de Medeias Metamorfoses de Ovídio e na Argonáutica de Apolônio de Rodes. Trabalho de conclusão de curso. Araraquara: Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2013.
[4] O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora, Lei da Correspondência.
Referências bibliográficas
Andresen, Sophia de Mello Breyner. Obra poética. Porto: Assírio & Alvim, 2015.
Campos, Haroldo de. “Da tradução como criação e crítica” in. Metalinguagens e outras metas. São Paulo: Perspectiva, 2006.
Chantraine, Pierre. Dictionnaire étymologique de la langue grecque: Histoire des mots. Paris: Éditions Klincksieck.
Cunliffe, Richard John. A Lexicon of the Homeric Dialect. University of Oklahoma Press, 2012.
Diniz, Fábio Gerônimo Mota. As representações de Medeias Metamorfoses de Ovídio e na Argonáutica de Apolônio de Rodes. Trabalho de conclusão de curso. Araraquara: Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2013.
Derrida, Jacques. A farmácia de Platão. São Paulo: Iluminuras, 2017.
Ferreira, Márcia Cristina de Bessa Brandão. Teatro e poesia, recriação poética de Medeia de Sophia de Mello Breyner Andresen. Tese de doutorado. Aveiro: Universidade de Aveiro: 2015.
Hesíodo, Teogonias. São Paulo: Hedra, 2013.
Nascimento, D. V. A téchne mágica de Medeia no canto terceiro de Os Argonautas de Apolônio de Rodes. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ/Faculdade de Letras/Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas.
Ovídio. Metamorfoses. Trad. Paulo Farmhouse Alberto. Lisboa: Livros Cotovia, 2007.
Ovídio. Metamorphoseis. Éditions eBook France.
Pavlock, Barbara. The Image of the Poet in Ovid’s Metamorphoses. The University of Wisconsin Press, 2009. Pp. 40-41, 49.
Pereira, Maria Helena Rocha. “O mito de Medeia na poesia portuguesa”, Revista Hvmanitas, vols. XV-XVI. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Instituto de Estudos Clássicos, 1963.
Vieira, Trajano. “O destemor de Medeia e o teatro do horror”, in. Eurípedes, Medeia. Trad. Trajano Vieira. São Paulo: Editora 34, 2010.
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