vídeo-aula de Cláudio Ulpiano (curadoria de Flávio Morgado)
Ao meu ver, não poderia ser diferente a estreia dessa seção, senão desta forma. Com uma aula magistral do professor de Filosofia, Cláudio Ulpiano. A mesma, que alguns anos atrás, graças ao trabalho cuidadoso daqueles que foram seus alunos, que gravaram e coligiram boa parte de suas aulas em um canal inteiramente dedicado à sua obra. Foi por uma iniciativa curatorial e afetiva como essa, que a obra de um dos pensadores mais fundamentais do país pode estar disponível. Um pensador que escreveu pouco, dedicou a potência máxima do seu pensamento à sala de aula, a esse gesto generoso, que se completa em uma comunicação apaixonada, um mestre em pleno voo, um corpo que convoca e comunga.
Ulpiano nasceu na cidade de Macaé, em 1932. Seu primeiro encontro com a literatura e a filosofia foi na biblioteca do pai, onde atravessava as noites lendo de Platão a Sartre, de Dostoiévski a romances menores. Mais tarde, apaixonou-se pelo cinema e o jazz.
Mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro e, depois da separação dos pais, morou com a mãe, que faleceu jovem.
Começou a dar aulas informalmente, em Macaé, onde, durante um curso improvisado em 1977, conheceu Silvia Ulpiano, com quem veio a casar e ter uma filha, Renata Duarte. Pouco depois, mudou-se para o Rio, sem endereço fixo nem trabalho estável.
Começou sua carreira acadêmica no final dos anos 70, dando aulas magistrais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e na Universidade Federal Fluminense (UFF).
A partir de 1980 e até falecer, Ulpiano organizou diversos grupos de estudo independentes, muito frequentados por estudantes de filosofia, cientistas, psicanalistas e professores. Atraiu e influenciou também muitos artistas, pela mescla de conceitos filosóficos e análises de literatura, cinema, teatro e artes plásticas.
Morreu em 1999, de enfisema pulmonar, no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro.