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Foto do escritora palavra solta

Rita Lee: fenômeno e compositora

por Sophia Chablau (autora convidada)




A jovem Rita Lee



Além do Ronaldo, o outro fenômeno brasileiro é Rita Lee. Rita Lee Fenômeno por aí nas rádios como letrista e cantora dos clássicos “Mania de Você”, “Lança Perfume”, “Desculpe o Auê”, “Agora só falta você”, “Ovelha Negra”, “Amor e Sexo”, entre muitas outras que roubam a cena, como “Chega mais”, “Papai me empresta o carro”, “Doce Vampiro”, “Corre-corre” e uma das minhas favoritas “Menino Bonito”. São músicas com arranjos singulares muitos deles escritos por Lincoln Olivetti e com diversas participações (tanto vocais, como composicionais) de Lucinha Turnbull.


Se trata de uma das maiores compositoras do Brasil, muitas vezes colocada de lado (e não ao lado) dos “grandes da MPB”, Rita amplia os limites poéticos da tal canção brasileira e ironiza todo este universo brilhantemente em “Arrombou a Festa”:“Ai meu Deus, o que foi que aconteceu com a música popular brasileira?/Todos eles falam sério/Todos eles levam a sério/Mas esse sério me parece brincadeira”.


Rita em “Mutante” (1981) música que é um verdadeiro hino dos românticos rejeitados, rima as palavras homófonas kiss e quis o que novamente comprova genialidade da compositora: “Kiss me baby, kiss me baby, kiss me/Pena que você não me quis” invertendo o kiss me e o me quis – o último verso sendo o inverso do beijo. Em “Jardins da Babilônia” a compositora novamente se utiliza de uma inversão dos jardins suspensos da Babilônia para “Suspenderam os Jardins da Babilônia” ou do contrário da expressão popular “ver o circo pegar fogo” para “Pegar fogo nunca foi atração de circo/Mas de qualquer maneira/Pode ser um caloroso espetáculo”.


São inúmeras músicas que poderiam ser citadas e analisadas cautelosamente. O que eu tentei fazer aqui é apenas demonstrar como é necessário se debruçar na obra da compositora, coisa que demoraria muito mais tempo para se fazer e que custaria algumas milhares de palavras a mais. O nome Rita Lee já é por si só uma síntese e uma das portas de entrada. A oposição Rita (nome latino a partir de Margarida) e Lee (nome inglês) já anunciaria talvez a voadora deste tal de roque and roll na música brasileira que se iniciou com os Mutantes em Domingo no Parque (canção de Gilberto Gil apresentada em 1967) e que, pra mim, se reencarna vinte e quatro anos depois na genial kiss me e me quis do disco “Saúde” em 1981. E por falar em saúde, que bom que agora em 2022, Rita conseguiu vencer o câncer de pulmão.



Rita Lee, em 2022, depois de vencer o câncer "Jair"





Sophia Chablau (22) é compositora, paulistana e residente em São Paulo. Já teve suas canções interpretadas por Chico Bernardes, Zé Ibarra, Laura Lavieri, Ana Frango Elétrico, Dora Morelembaum, Julia Mestre, entre outros. Aos 21 anos lançou o disco homônimo da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, formada por ela, Theo Ceccato, Téo Serson e Vicente Tassara, em que canta e toca guitarra. Com produção musical assinada por Ana Frango Elétrico e lançado pelo Selo RISCO, o disco consta na lista dos 50 melhores discos brasileiros de 2021 da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e a banda foi indicada ao Prêmio APCA como Revelação de 2021. Além do reconhecimento nacional, recentemente foram citados na lista dos 22 artistas para se ficar de olho em 2022 da revista SPIN (EUA).


Sophia também participa da banda Besouro Mulher que têm o EP “Depois do Carnaval” lançado nas plataformas digitais e está em processo de finalização do seu primeiro disco. Participou atuando e compondo a música do filme “Gatas Transcendentais” que está em pós-produção. Sua composição “Idas e Vindas do Amor” integra a trilha sonora do filme “Acqua Movie”, dirigido por Lírio Ferreira (Baile Perfumado), além de fazer parte do episódio de 10 anos do programa Larica Total do Canal Brasil.

Sophia é graduanda de Geografia na USP e pesquisa monumentos paulistanos do distrito Sé e República em sua iniciação científica.


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